Contrariando a tendência, o volume de mensagens de SMS vem crescendo na Claro. Segundo Gabriela Derenne, diretora regional da operadora, novos clientes fazem com que serviços “obsoletos” mantenham o ritmo de crescimento enquanto usuários de smartphones aderem aos novos produtos. “Cada vez mais surgem serviços que colocam em cheque os que já temos [...] Mas acho precipitado falar sobre a morte do SMS em um cenário em que ele segue crescendo”, opina.
Mudança de receita
Para continuar lucrando, as operadoras podem substituir as receitas: o cliente que usa WhatsApp vai deixar de lado o SMS, mas precisará gastar mais em dados de internet. “Ninguém contrataria um serviço de quarta geração na telefonia móvel se não houvesse aplicações que exigissem esse tipo de capacidade de rede”, diz Rodrigo Zerbone Loureiro, conselheiro da Anatel. “Isso acaba agregando valor a essa rede de telecomunicações ao mesmo tempo em que abre um campo de negócios tanto para os prestadores quanto para outros agentes econômicos que queiram inovar e prestar serviços novos”, acrescenta Zerbone.
Porém, para Shibata, a receita do SMS não será tão compensada pelo serviço de dados. “[Esses aplicativos] canibalizam uma receita da operadora, que fez o investimento em infraestrutura, que tem uma série de compromissos com o governo e que paga caro pelas faixas de frequência. No fim, elas não rentabilizam por causa essas aplicações”. Segundo o consultor, quem sai ganhando são os desenvolvedores dos aplicativos, que não têm nenhuma dessas obrigações e participam do mercado graças à base de infraestrutura das operadoras. “Se isso não existisse, eles dificilmente teriam algum valor no mercado”, acrescenta.
Shibata acredita que serviços como o WhatsApp poderiam ter sido inventados pelas operadoras, que estavam “mais preocupadas em implementar a infraestrutura”. Porém, elas começam a tirar proveito desse novo mercado. “A Vivo não entende que esses produtos sejam uma ameaça. Na verdade, eles corroboram para a comunicação [...] A Vivo entende que todo mundo precisa se conectar e o WhatsApp é uma das alternativas”, diz Matos. Como respostas a essas aplicações, a Vivo vai lançar até o fim deste ano um novo serviço de mensageria em grupo para tentar reduzir o custo do SMS.
Futuro
“Acreditamos que o usuário quer trocar conteúdo independente da plataforma”, opina Fatima, da Acision, que trabalha hoje para possibilitar que o SMS se comunique com os outros aplicativos do celular. Segundo a executiva, o desafio é permitir que “todo mundo se comunique com todo mundo”. “O desafio é permitir que os usuários consigam interagir por SMS e pelas aplicações como o Facebook”, diz. “No futuro, não será apenas WhatsApp, Facebook e SMS. Haverá uma série de aplicações que a tecnologia permitirá sua integração”, acrescenta.